Anúncios marcam o Dia Nacional da Prematuridade, instituído este ano no Brasil
Nesta segunda-feira (17), data em que se celebra o Dia Mundial e Nacional da Prematuridade, o Ministério da Saúde apresentou duas novas iniciativas voltadas ao cuidado de recém-nascidos prematuros: um curso online do Método Canguru para Famílias e Comunidades e o Guia de Implementação dos 10 Passos do Cuidado Neonatal. As ações integram uma estratégia nacional de prevenção e assistência às complicações da prematuridade — principal causa de mortalidade neonatal e infantil entre crianças menores de cinco anos.
A data, reconhecida mundialmente desde 2011, passou a integrar oficialmente o calendário brasileiro de saúde em 2024, com a sanção da Lei nº 15.198. Para a coordenadora do Ministério da Saúde, Sonia Venancio, “2025 será um marco histórico para o cuidado com bebês prematuros, com o fortalecimento de políticas públicas e o reconhecimento da causa em âmbito nacional”.
Histórias reais e impacto da prematuridade
Durante o evento, a perda e a superação deram rosto aos números. Neurismar Silva Barbosa, mãe de uma menina nascida com apenas 24 semanas de gestação e pesando 600 gramas, compartilhou sua experiência. A filha, hoje com nove anos, passou 93 dias internada na UTI neonatal, enfrentando infecções e sendo alimentada com leite humano doado. “Minha filha só se manteve viva graças ao leite que outras mães doaram. Sempre incentivo quem pode a fazer o mesmo”, relatou emocionada.
A atriz e psicóloga Maria Paula, embaixadora da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, também participou e relatou sua vivência como mãe de bebê prematuro. “Saber que meu leite ajudava outras crianças enquanto minha filha estava internada foi um consolo em meio à angústia da UTI”, disse.
O que são os novos materiais?
O novo curso do Método Canguru, voltado para familiares e comunidades, reforça a importância do contato pele a pele, estímulo essencial desde os primeiros dias de vida. O método consiste em uma linha de cuidado contínua: começa na identificação do risco gestacional ainda no pré-natal nas UBS, passa pelo acompanhamento hospitalar e segue após a alta, com apoio das equipes de atenção primária.
Já o Guia dos 10 Passos do Cuidado Neonatal, apresentado pela pesquisadora Maria Auxiliadora Gomes (IFF/Fiocruz), detalha recomendações para qualificar maternidades e UTIs neonatais. “Nosso objetivo é reduzir a mortalidade infantil com um cuidado mais humanizado e alinhado a evidências”, destacou.
Prematuridade: números e medidas
O Brasil figura entre os 10 países com maior número de partos prematuros no mundo. Em 2023, quase 12% dos nascimentos ocorreram antes da 37ª semana — com maior incidência nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Dados indicam que crianças indígenas e negras são mais afetadas.
Para enfrentar o problema, o Ministério da Saúde tem ampliado políticas de prevenção e cuidado:
- 500 mil implantes contraceptivos foram distribuídos a adolescentes entre 14 e 17 anos, visando reduzir a gravidez precoce;
- O financiamento da Rede Alyne triplicou, passando de R$ 55 para R$ 144 por gestante no pré-natal;
- Foram garantidos R$ 117 milhões para compra de exames e testes rápidos em 2024 e 2025;
- O Novo PAC Saúde prevê a construção de 28 centros de parto normal até 2026;
- Além disso, foi criado o novo indicador de cofinanciamento federal para monitorar o cuidado com gestantes e puérperas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nascem prematuras todas as crianças com menos de 37 semanas de gestação. No Brasil, o suporte às gestantes e recém-nascidos no Sistema Único de Saúde é realizado pela Rede Alyne — com acompanhamento que vai da atenção primária, em Unidades Básicas de Saúde, até os ambulatórios especializados e equipes multiprofissionais.