Nos últimos anos, a sustentabilidade deixou de ser apenas uma tendência e passou a ser um imperativo global. O setor de eventos e entretenimento, responsável por movimentar grandes públicos e gerar impactos ambientais significativos, encontra-se no centro dessa transformação. Para produtores, marcas e profissionais criativos, adotar práticas ecológicas não é mais opcional, mas uma exigência diante das crescentes demandas sociais, econômicas e ambientais.
O impacto ambiental do setor é evidente: festivais, shows e conferências movimentam bilhões de dólares anualmente, mas também geram grandes volumes de lixo e desperdício. Desde copos descartáveis deixados no chão até estruturas cenográficas de uso único, cada decisão que ignora o meio ambiente aumenta a pegada ecológica dos eventos. Além disso, o consumo elevado de energia e as emissões de carbono contribuem para um modelo que encanta o público, mas deixa marcas duradouras no planeta.
O perfil do público também mudou. Consumidores, artistas e patrocinadores cada vez mais valorizam eventos alinhados com responsabilidade socioambiental. Pesquisas recentes indicam que a maioria da Geração Z prefere consumir de marcas sustentáveis e, se necessário, está disposta a pagar mais por isso. Para os organizadores, isso significa não apenas reduzir impactos, mas também ganhar relevância cultural e fortalecer a reputação.
A sustentabilidade precisa ir além do discurso e se refletir nas ações diárias. Projetos desde a concepção devem incluir práticas como reaproveitamento de materiais e gestão de resíduos. Soluções que vão de cenografias modulares a ativações digitais substituindo impressos já mostram como unir criatividade e responsabilidade. A preferência por fornecedores locais também reduz a pegada de transporte e impulsiona a economia regional. Iniciativas como o Regen House, em parceria com a HowGood, exemplificam como marcas podem integrar impacto positivo em grandes eventos internacionais, como a COP30 em Belém.
Empresas como Amazon e Kellanova têm implementado logísticas reversas, cenografia reutilizável e outras soluções criativas que conciliam sustentabilidade e redução de custos, ao mesmo tempo em que fortalecem a conexão com o público. A transição para práticas mais verdes não diminui a experiência do espectador; pelo contrário, oferece oportunidades para inovação. Já se veem palcos construídos com materiais reciclados, experiências imersivas alimentadas por energia limpa e narrativas que despertam consciência ambiental nos participantes.
A urgência da sustentabilidade nos eventos é um chamado coletivo. Artistas, produtores, marcas e público fazem parte dessa engrenagem. Ao adotar práticas mais responsáveis, o setor não apenas diminui impactos, mas assume papel protagonista na construção de um futuro em que celebrar e preservar caminham lado a lado.
Eventos devem ser encarados como plataformas culturais que unem propósito, inovação e impacto. A verdadeira transformação ocorre quando o espetáculo se conecta com o que importa fora do palco — é nesse espaço que surgem experiências memoráveis e significativas, que deixam legado além do entretenimento.