A Biblioteca Nacional do Brasil firmou um acordo que amplia a presença da literatura brasileira em território palestino. O presidente da instituição, Marco Lucchesi, e Marwan Awartani, diretor da Biblioteca Nacional da Palestina e ex-ministro da Educação, celebraram o envio de livros de 21 autores brasileiros traduzidos para o árabe. A iniciativa inclui ainda a distribuição mensal do material para centros culturais da região, com apoio do Itamaraty.
Os exemplares serão enviados pelo embaixador brasileiro no Estado Palestino, João Marcelo Queiroz, e o acordo foi assinado na representação diplomática brasileira na Cisjordânia, com participação remota de Lucchesi.
Em conversa com a Agência Brasil, o presidente da Biblioteca Nacional destacou o papel diplomático e pacifista da iniciativa. “Essa é uma ação de diplomacia cultural que fortalece a ligação entre os povos, baseada na troca de conhecimento e no respeito mútuo”, afirmou. Segundo ele, o projeto segue uma tradição de cooperação entre nações que enxergam no livro um instrumento de cidadania global, “capaz de atravessar fronteiras com laços de solidariedade”.
A conexão histórica entre o Brasil e países árabes também foi lembrada, reforçando que a literatura e a imprensa em língua árabe fazem parte do legado cultural brasileiro. “Este é um acordo a favor da paz e da fraternidade entre os povos”, completou Lucchesi.
Cooperação futura e apoio técnico
Além do envio de livros, a Biblioteca Nacional brasileira está articulando outros projetos com a Palestina. Entre as iniciativas propostas está a oferta de cursos de preservação e conservação de acervos – tanto digitais quanto físicos –, além da realização de seminários técnicos. Uma visita oficial de Marco Lucchesi ao país está prevista para 2026.
Apoio ao Haiti após destruição do acervo
A instituição brasileira também ampliou seu apoio ao Haiti. Após o ataque à Biblioteca Nacional haitiana por grupos armados, que resultou em perdas significativas do acervo, a equipe do país será recebida no Rio de Janeiro no próximo ano. O Brasil oferecerá cursos presenciais de conservação de acervos, além de uma formação online sobre restauração, disponibilizada em francês.
Lucchesi destacou a responsabilidade da Biblioteca Nacional do Brasil em apoiar instituições da América Latina, especialmente após assumir a vice-presidência da Abinia (Associação de Estados Ibero-Americanos para o Desenvolvimento das Bibliotecas Nacionais).
Parcerias internacionais
A Biblioteca Nacional também reforçou suas parcerias europeias. Na semana passada, foi firmado um acordo com a Biblioteca Nacional da França, com foco em tecnologias de informação. Uma exposição bilateral será inaugurada no próximo dia 25, celebrando os 200 anos de relações diplomáticas entre os dois países. Outro acordo está programado com o Vaticano: em 2026, Lucchesi entregará ao Papa um livro produzido no Brasil, e no começo do próximo ano haverá uma exposição virtual da Biblioteca Nacional na Universidade Gregoriana, em Roma, para marcar os 200 anos das relações entre o Brasil e a Santa Sé.
“O intercâmbio entre bibliotecas nacionais cria uma rede global de conhecimento e acesso. Essa é a nossa vocação e compromisso”, concluiu Lucchesi.