COP30 em Belém: problemas logísticos, anúncios ambientais e ações climáticas marcam o dia 4

Belenenses, Belém (PA) – O quarto dia da COP30 trouxe uma combinação de desafios logísticos, decisões ambientais e debates sobre saúde e justiça climática, refletindo a complexidade do encontro em Belém.

Falhas na infraestrutura e alertas da UNFCCC
O secretário-executivo da UNFCCC, Simon Stiell, enviou uma carta contundente ao presidente da COP30, André Corrêa do Lago, e ao ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, destacando problemas sérios na organização do evento. Entre as críticas estão falhas de segurança, banheiros sem funcionamento adequado, goteiras, escritórios improvisados e ar-condicionado ineficiente. Stiell classificou a situação como “considerável desconforto” e “grave violação”, solicitando intervenção imediata para evitar riscos à saúde dos participantes.
Em resposta, a Casa Civil afirmou que a segurança interna da Blue Zone está sob responsabilidade das Nações Unidas, informou que o policiamento externo foi reforçado e que novos aparelhos de ar-condicionado foram instalados. Apesar disso, participantes ainda relataram desconforto durante o dia.

Colômbia protege sua Amazônia
No campo ambiental, a ministra de Meio Ambiente da Colômbia, Irene Vélez Torres, anunciou que 42% do território continental colombiano, correspondente a 7% da Amazônia sul-americana, foi declarado área livre de novas extrações de petróleo e grandes projetos de mineração. A decisão cobre blocos ainda não autorizados e se contrapõe às recentes autorizações de exploração no Brasil, pressionando outros países amazônicos a adotarem medidas similares.

Brasil e a transição energética
No briefing do Ministério do Meio Ambiente, a ministra Marina Silva destacou a iniciativa do presidente Lula de elaborar um mapa de caminhos para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis. A proposta brasileira recebeu apoio inicial de países como Colômbia, Reino Unido e Alemanha, mas Marina Silva ressaltou que ainda depende de negociações e diálogo entre as nações participantes da COP30.

Plano de ação em saúde e clima
O governo brasileiro aproveitou o dia para apresentar o Belém Health Action, um plano que integra saúde pública e mudança do clima. Alexandre Padilha, ministro da Saúde, destacou como eventos extremos e alterações climáticas estão expandindo doenças como dengue e afetando a mortalidade. Segundo ele, o programa já conta com 80 países e instituições engajadas na iniciativa.

Fóssil do Dia vai para o Japão
O Japão recebeu nesta quinta-feira o “Fóssil do Dia”, concedido pela rede Climate Action Network (CAN). O prêmio reconhece países que dificultam avanços climáticos; o país asiático foi citado por financiar ações prejudiciais, bloquear medidas de justiça climática e criar falsas expectativas nas negociações.

Debates sobre medidas comerciais e transição justa
Entre os temas em discussão estão medidas unilaterais de comércio, como tarifas sobre produtos sem padrões ambientais, propostas por países africanos para incentivar práticas sustentáveis. Embora a iniciativa tenha sido bem recebida por alguns blocos, o assunto gerou resistência no grupo de trabalho de transição justa, evidenciando a tensão entre interesses econômicos e compromissos climáticos.

O quarto dia da COP30 reforçou a complexidade de articular logística, políticas ambientais e negociações internacionais, mostrando que a conferência precisa equilibrar desafios internos e urgências globais.