O cantor, compositor e ícone da música brasileira Jards Macalé será velado nesta terça-feira (18), na Sala Funarte Sidney Miller, localizada no Edifício Gustavo Capanema, no Centro do Rio de Janeiro. O sepultamento está previsto logo após a cerimônia, no Cemitério São João Batista, em Botafogo.
Macalé faleceu na tarde de segunda-feira (17), aos 82 anos, após complicações de saúde decorrentes de um quadro de insuficiência renal e choque séptico. O artista estava internado desde o início do mês em um hospital na Barra da Tijuca, onde tratava problemas pulmonares.
A família divulgou uma mensagem de despedida ressaltando a energia e irreverência do músico:
“Jards nos deixou hoje. Acordou depois de uma cirurgia cantando ‘Meu Nome é Gal’. É assim que sempre lembraremos dele: um mestre da liberdade. Agradecemos todo o carinho e admiração.”

Um artista à frente de seu tempo
Nascido no Rio em 1943, Jards Anet da Silva, o Macalé, se tornou uma das figuras mais provocativas e criativas da música popular brasileira. Ficou conhecido por sua postura crítica e sua recusa em aderir a padrões comerciais, o que lhe rendeu o apelido de “anjo torto” da MPB.
Sua estreia como compositor registrado foi em 1964, com Elizeth Cardoso, e logo ganhou visibilidade nacional após a apresentação polêmica de “Gotham City” no Festival Internacional da Canção, em 1969.
Em 1972, lançou seu álbum homônimo, considerado um marco experimental na música brasileira por misturar gêneros como samba, jazz, baião, rock e blues. Foi também parceiro de nomes como Waly Salomão, Vinicius de Moraes e Torquato Neto.
Legado e reconhecimento
Macalé fez parte do círculo artístico de Caetano Veloso, Gilberto Gil e outros músicos exilados em Londres nos anos 1970. Chegou a dirigir a música do álbum “Transa”, de Caetano—obra considerada essencial na história da MPB. Caetano prestou homenagem ao amigo em suas redes sociais:
“Sem Macalé, não haveria ‘Transa’. Foi meu primeiro amigo carioca da música. Que a música siga mantendo sua essência.”
Além da música, Macalé teve atuação no cinema e teatro, participando de filmes como “O Amuleto de Ogum” e compondo trilhas para clássicos como “Macunaíma”.
Mesmo após seis décadas de carreira, manteve sua relevância: seu último álbum, “Besta Fera” (2019), foi lançado com ótima recepção e reafirmou sua inquietude criativa.
Jards Macalé deixa uma obra marcada pela ousadia, experimentação e compromisso com a liberdade artística — legado que segue vivo na história da música brasileira.